Meu corpo não é meu corpo/ é ilusão de outro ser/ Sabe a arte de esconder-me/ e é de tal modo sagaz/ que a mim de mim ele oculta.
Carlos Drummond de Andrade, “As contradições do corpo”

E a relação ao corpo não é, para nenhum homem, uma relação simples…
Lacan, 1976

Partimos do princípio de que um corpo é concebido por um discurso – seja filosófico, religioso, médico, artístico etc. – em determinada época. Para a ciência, o corpo humano é um organismo vivo, composto por aparelhos e subordinado às necessidades biológicas. O discurso analítico introduz uma nova concepção quando Freud interpreta o sintoma histérico. Ali se promove uma separação entre um corpo orgânico e aquele que sofre da incidência metafórica da linguagem.

Em seguida, Freud constata a fragmentação do corpo, recortado em zonas erógenas e movido por pulsões parciais. Estende, então, a sexualidade do ser falante ao período da infância e rompe com a noção do sexo a serviço da procriação. Sob o domínio da pulsão, o corpo erógeno se diferencia do biológico e fica submetido a outra ordem de satisfação.

É também Freud quem indica, com o conceito de narcisismo, a via para a unificação desse corpo despedaçado e a construção da imagem do corpo próprio que dá suporte à dimensão do ‘eu’.

Propomos, nesse seminário, a leitura de textos freudianos retomados e comentados por Lacan ao avançar em suas próprias concepções…  Destacamos, desde já, uma frase que se encontra em “A terceira” (1975): “Ele, o corpo, se introduz na economia do gozo (foi daí que eu parti) pela imagem do corpo.”

 

 

Maria Cristina Ferraz Coelho

Início: 9 de março.
Quartas-feiras às 18h30 (semanal)
Salvador – Bahia
(71) 3245-8299