Sintoma – intervenção analítica

O sintoma resiste, não é alguma coisa que vai embora sozinho, mas nem por isso uma análise é um duelo. O que se passa em uma análise é uma partida – par-dit – diz Lacan, acentuando o pelo dito. Se falar a um analista tem efeito é porque o sintoma e a intervenção do analista são da mesma ordem. O sintoma diz algo, e o que diz é uma outra forma do dizer verdadeiro. O real insiste.

A interpretação analítica deve sempre ter em conta que há o sonoro naquilo que é dito, e que este sonoro deve ressoar com o que é do inconsciente. O inconsciente tem relação com um saber que é veiculado por significantes, com aquilo que ressoa para além do significado. Trata-se de fazer escutar o que é da linguagem, escutar significantes, fazendo um precipitado, que são os significados e do qual se goza. Da travessia por uma análise, resulta um sujeito advertido da divisão, mas isso não diz nada do estatuto do psicanalista, se é, como diz Lacan, assumir o lugar onde se situa o objeto a nessa operação.

No trabalho que Lacan realiza com o quadro “As meninas’, de Velázquez, ele situa o lugar do analista. O olhar, que não é visão, questiona a existência do expectador como aquele que observa o representado e o coloca presentificado naquilo que é representado – é neste sentido que situa a posição do analista como a. Na figura topológica da garrafa de Klein, que diz respeito à experiência analítica, o corte, a intervenção do analista, possibilita a evacuação das coisas carregadas de sentido. E na topologia dos nós, a posição do analista, feita essencialmente de objeto a, possibilita fazer suturas e épissures, enlaçando, assim, o sintoma ao real parasita do gozo.

 

Bibliografia:

Lacan, J. Problemas cruciais para a psicanálise.
Lacan, J. O objeto da psicanálise
Lacan, J. O ato analítico
Lacan, J. Conferências Americanas

 

Arlete Garcia
Sofia Sarué

Início: 21 de março.
Quartas-feiras às 9h (quinzenal)